Doutor,
eu tenho tido pesadelos
Mas
sabe? Um dia já tive sonhos
Minha
mente já foi leve... leve como as folhas de outono
Meus
arbustos alegres, era impressionante vê-los!
Agora,
os ventos fortes existentes nem me dão o favor
De
ter uma noite de sono.
Doutor,
Minha quimera se corrompeu
Nem me deixaram realizá-la
E
quando pensei que a minha idade podia consolidá-la
Ela
me mostra que o desvairecer é um engenho
meu
E
assim, diante de tanta insensatez, me restam inquietações e o senhor
Para
tentar uma vida resgatá-la
Doutor,
agora um código me enquadra
Um
crime dúbita minha pureza
E
eu, humilde, atrás de sua cumplicidade
Fico
esperando grandes soluções que possam aparecer do nada
Provar
que sou verdadeira vítima, eu espero com ardor
E
dependo do senhor, para não perder a sanidade
Ah!
Doutor... seria tão bom se não fosse assim!
Se
um otário não ficasse como um barco a
deriva
Esperando
que um sopro qualquer o coloque de volta
Se
a vida que começou tão bem não perecesse com tal motim
Se
o presente não admitisse um momento de horror
Eu lhe juro doutor... extinguiria em mim
qualquer rumor de revolta.
(
Eu era a bola da vez e agora, a vez nem tem mais bola)
Autor:
(Valdeci Silva) Dezembro de 2003
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